Perguntaram: É melhor dizer "agradecido" do que "obrigado"?
Antes de comentar, aproveito para ressaltar que a Neurolinguística não é uma onda políticamente correta nas palavras.
É verdade que consideramos que certos modos de falar expressam atitudes internas e as reforçam, de modo que nos auxiliam ou prejudicam em nossas atividades diárias.
No entanto, a PNL não defende "poderes místicos" das palavras ou das letras, algo mágico em si...
Pressupõe apenas que, quando falamos, desencadeamos "marés sinápticas" em nossos cérebros, abrindo caminhos em termos de padrões mentais e comportamentos, mudando nosso metabolismo e disposição.
De início parece bem mais lógico dizer "agradecido" do que "obrigado".
A palavra "agradecido" conota mais a sensação positiva de gratidão e graça - por um presente incondicional, o elogio.
A palavra "obrigado" conota mais uma sensação de obrigação, um presente condicional, que deve ser pago, retornado ao emitente.
Só que "agradecido" me parece um pouco pernóstico.
Prefiro "grato".
Alguns podem dizer que quase não há diferença emocional entre as duas palavras.
Que as duas formas de dizer são ditas hoje em dia quase mecânicamente, sem emoção.
Então me pergunto: se é para não sentir nada, porquê dizer então?
Se respeitarmos toda palavra que sai de nossas bocas, conferimos a elas imenso poder. Seja para nós mesmos - profecias auto-realizáveis - seja para outras pessoas - a nossa reputação.
De preferência evite dizer qualquer coisa de forma mecânica, um agradecimento ou uma saudação.
Busque colocar veracidade em tudo o que diz e as outras pessoas, e você mesmo também, sentirão a diferença.
Há outras frases que são ditas hoje em dia como lugares-comuns, quase clichês, e que provavelmente perceberemos, ao dizê-las, conotações emocionais mais fortes.
Vale a pena observarmos algumas. Por exemplo:
"Eu vou me lembrar" ao invés de "não me esquecerei";
"Estou começando" ou "Estou aprendendo" ao invés de "estou tentando" ou "vou tentar";
"Quero fazer isso" ao invés de "Preciso fazer isso";
"Tenho uma questão para resolver" ao invés de "Tenho um problema para resolver...";
"Tenho a intenção de" ao invés de "Eu gostaria de".
Poderíamos discutir por horas qual a diferença que sentimos quando mudamos estas estruturas gramaticais.
É o campo da psicolinguística, disciplina teórica da qual a PNL se aproveita para estruturar suas técnicas pragmáticas.
Muitos chamam este campo de "neurosemântica".
Por exemplo, mudar o "preciso" pelo "quero" ou "tenho a intenção de" visa nos devolver a percepção de que controlamos nossas vidas, somos agente causador, não vítimas, títeres das circunstâncias.
Mesmo que algo nos pressione a fazer algo, sempre temos a decisão final: de aceitar ou recusar a situação.
Por isso, se a aceitamos, em última análise o nosso querer que está em jogo, não o precisar, certo?
Há uma história corrente sobre Gandhi, o grande estadista indu.
Dizem que ele, um dia, foi visitada por uma mãe, trazendo seu jovem filho adolescente pelo braço.
A mãe humildemente pediu a Gandhi que falasse com o menino, e o fizesse parar de comer tanto doce, tanto açucar, pois poderia lhe fazer mal.
O garoto respeitava muito Gandhi - todos o respeitavam - e com certeza obedeceria melhor a ele do que a própria mãe.
Lembrando que, na época, a cárie dentária era algo muito severo na Índia, sem serviços médicos e odontológicos adequados.
Muitas pessoas poderiam morrer a partir de uma pequena infecção.
E havia preceitos religiosos contra o excesso de comidas doces.
Gandhi a escutou. E pediu que voltasse na semana que vem.
A mãe assentiu, e voltou depois. Então Gandhi dirigiu-se ao garoto e falou: "Meu filho, pare de comer açúcar". O garoto concordou e saiu.
A mãe agradeceu muito a Gandhi, mas, intrigada, perguntou: "Mestre Gandhi, porquê o senhor não disse isso na semana passada, quando estive aqui com o meu filho?".
E Gandhi respondeu: "Porque, minha senhora, até a semana passada eu também comia açucar".
Esta historieta nos fala da importância de sermos congruentes entre o que falamos e o que fazemos.
Se levarmos isto com rigor, fica mais fácil sermos respeitados pelos outros e por nós mesmos - inclusive por nossos inconscientes.
Um exagero que vejo muito por aí é falar que não devemos nunca usar o não, pois o "não" não representa uma imagem específica do que se quer.
Apesar de ser verdade, torna-se impossível banir o "não", o "nunca" etc da lingua, sob pena de começarmos a falar bem esquisito...
Em livros importados de PNL, traduzidos por aqui, é falado que devemos evitar dizer o "não". E construçães gramaticais com base no "não" são um pouco mais comuns aqui do que lá (mesmo que pese o "isn't" inglês).
Já ouvi pessoas fazendo ingentes esforços para evitar dizer um "não" sequer, o que fica muito engraçado.
O não parece que vira palavrão...
Os povos de origem saxônica possuem uma estrutura gramatical radicalmente diferente da nossa - e a estrutura dos pensamentos, a lógica usada também é diferente.
Isso torna a psicolinguística dos povos de lingua latina um pouco diferente da mesma dos povos de lingua anglo-saxônica.
As linguas germânicas e saxônicas foram desenvolvidos por povos bárbaros - inteligentes mas bárbaros.
Foi um dialeto criado principalmente com base em pedaços de outras linguas, uma lingua montada para facilitar a comunicação durante as batalhas (a invasão do Império Romano).
É uma lingua franca (nome dado principalmente pela presença dos Francos).
Como uma lingua meio que "artificial", tem características predominantes do hemisfério esquerdo do cérebro - construções gramaticais lineares, secas, não-emocionais, principalmente baseadas em substantivos e verbos simples, de ação.
Uma ótima língua para lutar.
Os alemães a adaptaram bem para exprimir conceitos abstratos mas continua sendo uma lingua seca, pouco afeita às emoções.
Os povos da península ibérica, ao contrário, desenvolveram a sua lingua a partir do latim e do grego, linguas que cresceram naturalmente por séculos.
São linguas mais emocionais, de intensidade, com muitos advérbios e sutis gradações evidenciadas pelo uso em maior escala de adjetivos.
É uma lingua onde predomina o hemisfério direito do cérebro.
Todo este intróito foi para falar do "não"...
Nas linguas anglo-saxônicas, o "não" é sempre uma negativa formal.
Tanto é assim que, nas construções gramaticais inglesas, dois "nãos" equivalem a um "sim".
Isso É lógico, já que duas negativas invertem duas vezes o sentido, dando o sentido original. Mas na maioria das linguas latinas não é assim. São línguas de intensidade, e assim, dois "nãos" equivalem a um "não" ainda mais forte.
Um bom exemplo está na frase: "isso não é assim, não! ".
Está na cara que este "não" final é de intensidade, reforçando o primeiro não. Os americanos, ao estudarem o português, se embatucam muito com isso...
Outra curiosidade:
É prováel que algumas palavras frequentemente usadas tenham, sim, uma influência psicossomática, pelo menos em termos estatísticos.
Já vi uma pesquisa por aí dizendo que na Espanha há um termo comum que, traduzido, significaria que "fulano é um chute nos fundilhos".
E estão estudando uma correlação entre o uso deste termo É o índice de câncer no reto... não sei se vão encontrar uma significância estatística para tal.
De qualquer modo, lembrei-me que aqui no Brasil falamos muito "fulano é um pé no saco".
E parei para pensar se não podíamos aqui pesquisar a correlação deste tipo de frase com as chances de desenvolver tumor de próstata...
Palavras nada mais são do que um tipo de pensamentos - expressos, o que os torna mais intensos, "cristalizados" por assim dizer.
Palavras habituais são especialmente poderosas.
Convém lembrar que o importante é o sentimento expresso nas palavras. Estes são o principal fator.
Não precisamos temer quaisquer palavrinhas desairosas que usamos conosco ou com os outros. Não são tão perigosas. Mesmo assim, evito dizer "estou morto de cansaço...".
Em suma, para não prolongar muito o assunto, verifique se a sua linguagem reflete uma atitude positiva com referência às ações que se pretendem realizadas.
Caso existam "cacoetes" verbais que representem uma expectativa de não realização ou um sentimento muito destrutivo, vale a pena se modificar as construções gramaticais habituais.
Lembrando sempre das palavras de Indira Gandhi, filha do grande Gandhi:
Valorize seus pensamentos; eles são as raízes de suas palavras.
Valorize suas palavras; elas são as raízes de suas atitudes.
Valorize suas atitudes; elas são as raízes de suas ações.
Valorize suas ações; elas são as raízes de seu futuro.
Por Antonio Azevedo
Oi minha linda!
ResponderExcluirAdorei o texto, muito importante para todos nós que estamos trabalhando em prol de uma mudança positiva no pessoal e no coletivo.
Muitas vezes nos custa a crer que o pior inimigo de uma pessoa possa ser os seus próprios pensamentos.
Para mim, seu blog é de "utilidade pública e gostaria de coloca-lo na lateralda minha tzara como um link!
Aguardo seu ok!
Te desejo muita paz e luz e a visão além das aparencias!
Que Sara ilumine seu caminho!
bjus, Sonia (Tzara da Estrela)
Oi Soninha!
ResponderExcluirEstou hiperfeliz com sua presença aqui no meu cantinho!
Pois é Soninha, este texto foi muito importante mesmo. Cada vez que me deparo com textos assim, fico muito feliz pelo ensinamento e não penso duas vezes em postar aqui. Sei que existem muitas pessoas como que eu, estão na busca e acho importante essa troca. Estou humildemente honrada em participar do seu blog. Sinta-se à vontade para colocar o link daqui e também postar qualquer coisa aqui do blog.
Agradecida pelo carinho de sempre e que Nossa Mãe Sara nos ilumine sempre.
Beijos
Namastê!
Que as estrelas brilhem sempre em seu caminho irmazinha!
ResponderExcluirMuito obrigada pelo carinho!
Bjus!